Em parceria, o Escritório da Organização Internacional do Trablho em Lisboa e o Centro de Estudos Judiciários realizaram, nos passados dias 27 e 28 de Janeiro, um evento sobre o trabalho na Era Digital.
O evento realçou a importância do “reskilling” e do “upskilling”, tendo em conta que a formação tem que ser –mais que nunca – adaptável, flexível e acessível para que as necessidades do mercado de trabalho sejam satisfeitas.
Foi, também, realçada a importância de se ajustarem as aprendizagens ao longo da vida profissional à Era Digital, sendo equacionados os problemas já existentes em termos de mão-de-obra, o que implica a qualificação dos trabalhadores que estão dentro e fora do mercado de trabalho.
Os problemas de falta de conectividade em determinadas regiões (nomeadamente, do interior) foram igualmente referidos, no âmbito da necessidade de uma boa cobertura de rede em todo o território nacional.
A CCP esteve representada na Mesa Redonda deste evento, que reuniu os Parceiros Sociais nacionais em torno das questões de qualificação, tendo tido a oportunidade de realçar um conjunto de questões particularmente pertinentes para os sectores que representamos, nomeadamente:
– o facto de os nossos sectores serem constituídos por uma esmagadora maioria de PME;
– o realce dado, pelo estudo realizado com o Prof. Augusto Mateus sobre a competitividade da economia e a importância do valor criado, na servitização da economia;
– a crescente integração do digital no comércio e nos serviços, embora com níveis diferentes por sub-sectores;
– a inclusão que se tem registado, quase diariamente, do digital no funcionamento das empresas, a vários níveis: na gestão dos recursos humanos, na gestão empresarial, nos diversos canais comerciais, na logística…;
– a necessidade de se ter cautela, quanto ao trabalho em plataformas, na respectiva regulamentação, a qual tem impacto sobre todos os actores envolvidos neste tipo de trabalho – trabalhadores, empresas e consumidores – tal como tem sido destacado por empresas como a GLOVO e por entidades europeias como a Eurocommerce e a SMEunited, ao nível das vantagens que este tipo de trabalho tem para os vários actores;
– a constatação de que a transição digital é fundamental para o crescimento dos negócios e para a sua internacionalização;
– a importância das estruturas associativas, nomeadamente em iniciativas como o Programa “Comércio Digital”, que visa apoiar a digitalização das empresas deste sector, reforçando a sua competitividade por esta via;
– a consideração, pela CCP, da falta de existência de um programa de apoio ao sector, que inclua também o domínio da digitalização (ainda que reconhecendo que o Programa “Bairros Digitais”, recentemente lançado, possa dar aqui um contributo positivo);
– o desafio existente ao nível das competências, para que as empresas possam dar resposta às necessidades resultantes da introdução do digital;
– a fragilidade ainda existente no grau de qualificações dos jovens e dos adultos, um factor a resolver em termos do reforço das suas qualificações;
– formar é fundamental e a Aprendizagem ao Longo da Vida tem um papel fulcral, incluindo ao nível da actualização dos Referenciais de Formação do Quadro Nacional de Qualificações (QNQ), tendo a CCP desenvolvido alguns estudos para contribuir para este objectivo.