Passaram 100 dias depois da invasão da Rússia à Ucrânia, a 24 de Fevereiro, quando a paz na Europa foi destruída. À medida que a tragédia humana começou a desenrolar-se , com mais de 6,8 milhões de ucranianos- a maioria deles, mulheres e crianças – a fugirem do seu país desde o início da guerra, os cidadãos europeus têm observado os desenvolvimentos desta guerra com crescente preocupação.
O Eurofound realizou um estudo em abril de 2022, pedindo a mais de 40.000 pessoas que vivem na Europa as suas opiniões sobre uma série de questões, incluindo a guerra na Ucrânia.
Destes, 76% expressaram uma grande ou uma muito grande preocupação com a guerra, com taxas mais altas registadas em alguns dos países que têm fronteiras com a Rússia, como a Finlândia, a Polónia e os Estados bálticos, bem como países do sul do Mediterrâneo e a Irlanda. A solidariedade é muito grande e traduz-se em medidas de apoio ativas e práticas, com 80% dos entrevistados a concordarem com as abordagens nacionais e da UE para receberem refugiados e mais de 84% dos entrevistados a apoiarem a UE e os seus Estados-Membros na ajuda humanitária à Ucrânia.
Parte das pessoas expressaram uma grande ou muito grande preocupação com a guerra na Ucrânia, UE27 (%)
Mais de 70% dos entrevistados concordam com a imposição de sanções económicas à Rússia, com cerca de dois terços a considerar que devem ser impostas sanções mais rigorosas. Este é o caso, em particular, dos países escandinavos e dos estados bálticos, da Roménia, Polónia e Irlanda. Mesmo na questão mais sensível do apoio militar, 66% dos entrevistados aprovam o apoio militar da UE à Ucrânia (embora 34% pensem que a UE já fez muito nesta área). O cenário, a nível nacional, é variado e interessante – na Polónia, nos países escandinavos, nos estados bálticos, em Malta e na Irlanda, a maioria dos entrevistados acredita que a UE deveria fornecer mais apoio militar à Ucrânia. Por outro lado, na Itália, Grécia, Eslovênia, Eslováquia e Bulgária, 50% ou mais dos entrevistados acreditam que a UE já fez muito nesta área.
A resposta dos cidadãos também reflete os amplos esforços nacionais e da UE, com cerca de um terço dos entrevistados a indicar que já doaram dinheiro para apoiar a Ucrânia no momento do estudo. A mesma proporção já tinha doado bens, como roupas e medicamentos, e planeavam fazer as duas coisas.
Mas apesar desta onda de solidariedade, os cidadãos da UE estão, naturalmente, preocupados com o aumento dos custos de energia: 28% dos europeus acham que terão problemas relacionados com o pagamento das contas de energia, gás ou eletricidade, enquanto 31% estão preocupados com o aumento do custo da gasolina. No entanto, uma das maiores preocupações dos decisores políticos é que a solidariedade e a coesão da Europa possam estar ameaçadas pelo impacto da crescente onda de campanhas de desinformação que estão a ser divulgadas em todo o mundo.
Por exemplo, 24% dos que usam os media tradicionais como a sua principal fonte de informação não apoiam as sanções europeias contra a Rússia, enquanto essa participação aumenta para 45% entre aqueles que não foram vacinados contra o COVID-19. Da mesma forma, as sanções não são apoiadas por 24% dos que estão satisfeitos com o funcionamento da democracia nos seus países, enquanto a taxa aumenta para 39% entre aqueles que têm baixos níveis de satisfação, e aumenta novamente para 46% entre a população não vacinada.
Os decisores políticos deveriam lidar com as atuais preocupações económicas e sociais dos cidadãos, para consolidar a sua confiança nas instituições. Sem isso, existe o perigo de uma séria ameaça ao apoio e à solidariedade às ações da UE na Ucrânia.
Mais informação está disponível em: Eurofound survey reveals widespread support for Ukraine | Eurofound (europa.eu)