No passado dia 6 de novembro, a CCP teve a oportunidade de participar na sessão temática supra referida, na qual foram apresentadas diferentes ferramentas que estão disponíveis para as organizações poderem medir os níveis de confiança que as pessoas têm relativamente aos serviços disponibilizados pelas empresas com que se relacionam, incluindo ao nível da Inteligência Artificial (IA) envolvida nos respetivos processos, nomeadamente da privacidade/proteção dos dados pessoais: como são guardados e protegidos.
Nesta iniciativa, foi apresentado o Programa Ai.ethics, o qual tem um sistema de reconhecimento através da atribuição de selos, nomeadamente um Selo de Governação e um Selo de Confiança – os selos são atribuídos por níveis e visam reconhecer a forma como as organizações funcionam no respeito pelas várias dimensões em causa. Tem, ainda, uma plataforma que reúne informação atualizada, notícias, partilha de experiências, dados sobre participação em workshops, etc. Toda esta informação está disponível no seu site, acessível portanto facilmente online.
Durante a sessão, foi ainda efetuada uma experiência interativa com todos os participantes, através de um quizz relacionado com a ética na IA, que lhes permitiu irem respondendo a questões concretas e darem as suas opiniões relativamente aos dilemas, desafios e oportunidades que são colocados atualmente e se preveem venham a ser colocados pela IA.
Deste quizz resultou que os participantes consideraram, por exemplo, que a IA traz questões relevantes relacionadas com a tecnologia, apreensão relativamente ao futuro em termos das questões de emprego (perda de trabalho) e também muita curiosidade sobre tudo o que está para vir – inclusive no domínio da robótica! Presente esteve um robot e um dispositivo de realidade aumentada e foram demonstradas algumas das suas potencialidades, incluindo a possibilidade de serem um grande apoio para as políticas de recrutamento e a telepresença (por exemplo, estarmos em telechamadas em qualquer parte do mundo, com um robot físico entrar em diferentes salas num outro local do mundo e assim permitir-nos entrar em comunicação direta com qualquer pessoa dessas salas). No fundo, assumir uma “forma física” da pessoa da telechamada.
Foi também referida a importância que esta tecnologia pode ter no setor da saúde, por exemplo na utilização de robots para apoiarem os doentes ao guiarem-nos nos espaços hospitalares (em vez de terem de ser acompanhados por um ser humano), havendo também já experiências em curso com cadeiras de rodas autónomas (em que se marca o destino), a utilização de robots para a recolha de medicamentos nas farmácias hospitalares e a sua entrega nos diferentes serviços – várias funcionalidades que tornam este tipo de tarefas mais rápidas e sem a necessidade da intervenção humana.
Foi, enfim, abordada a questão muito importante da regulamentação – na verdade, enfatizado que o controlo já vem existindo há muito tempo, mas que tem havido uma grande evolução no sentido de uma “compliance” cada vez maior – e que medos tais como os que ocorreram, por exemplo, quando apareceram os primeiros telemóveis, tenderão a esbater-se e a desaparecer há medida que a confiança vá aumentando. Isto vai exigir tempo.
A APEE, coorganizadora da sessão, tem a visão de que esta nova tecnologia vai ser muito positiva para toda a sociedade, ao diminuir o consumo energético hoje existente, entre outros fatores – mas isto implicará, nomeadamente a nível nacional, que se confie nas suas potencialidades e não nos deixemos ficar para trás (os nórdicos, por exemplo, ou os brasileiros em certas partes do seu país, tendem a ser mais céleres na aceitação deste tipo de revolução e isso, em termos de impacto no crescimento económico, é muito relevante). Obviamente, que toda esta transformação está a trazer e vai acentuar desafios a nível das competências: novas competências terão que ser desenvolvidas e asseguradas no mercado de trabalho, para que as empresas possam optar por novas formas e modelos de negócio.