Comité Económico e Social Europeu

Parecer: Avaliação dos relatórios de Enrico Letta e Mario Draghi

O Comité Económico e Social Europeu – CESE, em que a CCP está representada, aprovou recentemente o seu parecer de iniciativa “Avaliação dos relatórios de Enrico Letta e Mario Draghi sobre o funcionamento e a competitividade do mercado único da UE” (INT/1070).

Neste parecer, o CESE tira um conjunto de conclusões e de recomendações, que a seguir apresentamos.

Conclusões e recomendações

O Comité Económico e Social Europeu (CESE) subscreve o apelo lançado pelos relatórios de Mario Draghi e Enrico Letta para que sejam tomadas medidas urgentes para aumentar a competitividade da economia europeia, abandonando a ilusão de que apenas adiando o problema se pode preservar o consenso.

Neste sentido, é fundamental continuar a trabalhar para concluir o mercado único, alargando-o aos setores financeiro, das comunicações eletrónicas e da energia e reforçando o setor dos serviços.

As instituições da UE e os Estados-Membros devem iniciar um debate adequado sobre as normas fundamentais da UE e a pertinência dos Tratados à luz dos desafios atuais, que exigem uma reflexão e uma resposta céleres.

O CESE insta as instituições da UE a dar passos em frente para realizar o mercado único, dando especial atenção à sustentabilidade ambiental, à prosperidade económica e à coesão social e territorial enquanto fatores de competitividade.

O CESE apoia as conclusões dos relatórios de Mario Draghi e Enrico Letta, que consideram fundamental que a economia europeia, com os seus valores e regras, recupere a competitividade reforçando a sua posição a nível internacional.

O CESE insta as instituições da UE a adotar uma política industrial que possa ultrapassar a atual abordagem fragmentada constituída por uma pluralidade de políticas industriais nacionais que nem sempre são coordenadas. Apenas através de esforços concertados será possível assegurar um equilíbrio adequado entre medidas fiscais, regulamentares, comerciais ou aduaneiras e incentivos financeiros que realmente beneficie o mercado único.

O CESE insiste na importância de reduzir os encargos burocráticos e os custos de conformidade para as empresas através de uma melhor regulamentação e de uma simplificação efetiva dos requisitos administrativos. A este respeito seria oportuno reforçar a avaliação do impacto regulamentar e o controlo da competitividade, apoiando assim o empreendedorismo e a criação de emprego de qualidade, melhorando as condições de trabalho e promovendo o crescimento económico sustentável e a coesão social.

O CESE espera que seja adotada regulamentação para reduzir os preços da energia e, acima de tudo, a diferença de preços registada entre os vários Estados-Membros e entre a economia europeia e outras economias. Neste contexto, importa recorrer mais aos contratos para diferenciais e dissociar o preço das energias renováveis e outras formas de energia hipocarbónica do preço da energia fóssil, que é mais volátil. É igualmente necessário e desejável um maior investimento no setor das energias renováveis e em outras formas de energia hipocarbónica.

O CESE concorda com a necessidade de uma avaliação cuidadosa do Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço (CBAM) e incentiva os legisladores da UE a estudarem modalidades adequadas para calibrar o regime de exportações e importações a fim de salvaguardar a competitividade da indústria da UE nos mercados internacionais.

O CESE observa que as medidas propostas nos relatórios de Mario Draghi e Enrico Letta exigem investimentos maciços, pelo que insta as instituições europeias a estudarem a possibilidade de emitir ativos seguros comuns, como foi o caso em resposta à pandemia.

Ainda que a promoção da paz deva permanecer o fim último da UE, em consonância com uma visão da segurança que ultrapassa a dimensão militar, o CESE observa que a evolução geopolítica exige a aplicação de uma política europeia de defesa acompanhada do reforço da política externa comum. Importa aumentar o investimento militar, nomeadamente através de novos instrumentos de financiamento destinados a melhorar o nível de desenvolvimento tecnológico do setor.

O CESE solicita uma nova reflexão sobre os bens públicos europeus que defina as principais prioridades para o futuro da UE. O fornecimento destes bens depende de fatores económicos, institucionais e políticos, pelo que uma garantia europeia neste domínio traria valor acrescentado face a uma pluralidade de abordagens nacionais.

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