Evento UACS-CCP: Como lidar com a escassez de mão-de-obra

Intervenção da Eurocommerce

No passado dia 8 de Novembro, a UACS – União das Associações de Comércio e Serviços realizou, em parceria com a CCP, um seminário no âmbito do Fórum do Comércio subordinado ao tema: “Como lidar com a escassez de mão-de-obra e as mudanças geracionais”.

A Eurocommerce – Federação Europeia em que a CCP está filiada – fez-se representar por Christiaan Boiten, Senior Adviser for the Jobs&Skills, com uma apresentação subordinada ao tema “As transformações do sector do comércio e o seu impacto na estrutura de emprego”.

Esta intervenção focou-se num estudo desenvolvido em parceria com a McKinzey, o qual apresenta previsões para os principais aspectos relativos às transformações do sector do comércio até 2030. De acordo com as mesmas, 90% do crescimento do sector retalhista e grossista resultarão do comércio electrónico, cujo nível de penetração afectará a viabilidade dos modelos de negócio existentes. Os retalhistas terão de fazer, portanto, a transição para operações omnicanais, o que vai requerer mais investimento.

O estudo refere que a actualização da tecnologia digital (automação, análises avançadas, etc) mudarão os empregos, já que muitas tarefas serão eliminadas enquanto outras surgirão. Os trabalhadores poderão ser motivados pelos empregadores para abraçarem esta transformação.

A apresentação da Eurocommerce realçou, também, a importância da formação profissional, sendo que a nível europeu o sector já gasta 9 biliões de euros em formação – mas este investimento é fundamental para se conseguir trabalhadores bem preparados a integrar nos modelos de negócio. O upskilling, nomeadamente no domínio digital (mesmo que ao nível básico) será essencial, incluindo através de plataformas e é necessário modernizarem-se os sistemas de aprendizagem. O reskilling poderá, também, ser necessário para o preenchimento de vagas em funções onde há uma persistente falta de mão-de-obra (por exemplo, padeiros e cortadores de carnes) ou onde há novas oportunidades (por exemplo, nas entregas de alimentos).

Outra dimensão fundamental é a da atracção e retenção de talento, incluindo ao nível de profissionais altamente qualificados, sendo que o sector do comércio compete com outros sectores neste domínio. Os retalhistas necessitam, também, de atrair novos trabalhadores todos os dias, sendo que o estudo sugere a necessidade de o sector – a nível europeu – contratar entre 800.000 a 1,5 milhões de pessoas anualmente até 2030, para colmatar as lacunas. Os novos trabalhadores terão de obter formação adequada, eventualmente ao nível da aprendizagem para os mais jovens.

Finalmente, foi referida uma previsão ao nível do investimento que o sector necessitará de fazer: mais 25 a 35 biliões em educação e formação, o que leva à conclusão de que o sector não conseguirá financiar sozinho esta necessidade: haverá que obter apoios públicos, sendo que a nível europeu existem linhas de financiamento – Fundo Social Europeu e Next Generation Fund – que deverão poder ser usadas, em particular pelas PME.

 

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