Disrupção e Incerteza: o Estado do Retalho Alimentar em 2021

No passado dia 23 de Março, a CCP participou na apresentação dos resultados do estudo realizado pela McKinsey sobre o impacto do COVID-19 no retalho alimentar, apresentação que foi feita em parceria com a Eurocommerce (Federação Europeia em que estamos filiados).

O estudo baseou-se em entrevistas a 50 CEO do retalho alimentar, a nível europeu, bem como a 10.000 consumidores.

Entre os resultados do estudo, destacaram-se os seguintes:

  • 2020 foi um ótimo ano para este setor face a 2019, tendo registado um bom crescimento (fruto da pandemia e do confinamento, que obrigou a um desvio do consumo);
  • houve uma polarização dos grupos de consumidores, entre os que sofreram um impacto negativo nos seus rendimentos e os outros (que pouparam dinheiro por não saírem, não viajarem, não fazerem férias, tendo por isso aumentado as suas compras no alimentar);
  • registou-se um aumento das compras online em cerca de 55%;
  • houve um choque na fidelização dos consumidores (tendo em conta o encerramento de muitas lojas, os clientes afastaram-se delas e procuraram outras alternativas);
  • os consumidores desenvolveram uma maior consciência sobre as questões de saúde e do ambiente (registando-se um aumento do número de consumidores “eco-activos”, ou seja, que valorizam essa componente), considerando o estudo que a sustentabilidade continuará a ser um critério de escolha do produto, no futuro.

O estudo aponta, também, as principais tendências-chave para o triénio 2021-2023, quer do ponto de vista dos CEO, quer dos consumidores, várias das quais são semelhantes.

Assim, do ponto de vista dos CEO, foram referidas:

  1. Uma maior sensibilidade dos consumidores ao preço
  2. O aumento das vendas online
  3. Um lento, mas estável retorno ao normal
  4. Um maior foco nas questões ligadas à sustentabilidade
  5. A existência de desafios para que os negócios consigam aumentar a sua produtividade

Do ponto de vista dos consumidores, foram referidas:

  • a importância do preço (nomeadamente a procura de promoções, a relação custo-valor);
  • a tendência de mudança para uma alimentação mais saudável;
  • a disponibilidade de alguns para um maior gasto em produtos ecologicamente amigáveis;
  • um maior gasto em produtos regionais ou locais;
  • um maior gasto em produtos importados;
  • o aumento das compras online.

Ou seja, os consumidores apostam, cada vez mais, num conceito de “lifestyle”, na compra de produtos alimentares que contribuam para um estilo de vida saudável e assente em produtos sustentáveis, mas simultaneamente querem-nos a um preço aceitável e querem, também, que as lojas tenham uma gama alargada de produtos que lhes permita a escolha.

Em conclusão, o estudo refere que a evolução da pandemia vai determinar a evolução da faturação no retalho alimentar, uma vez que a reabertura dos restaurantes terá um impacto significativo (ainda que haja alguns consumidores que adquiriram novos hábitos, nomeadamente o de valorizar comerem em casa). O sector do retalho alimentar terá, pois, que se reinventar e arranjar novas soluções para contrariar este impacto.

Começe a escrever e pressione "Enter" ou "ESC" para fechar