Comunicado de 7 de Maio, 2020
Conclusões da Reunião de Direcção da CCP sobre o decreto do Estado de Emergência
A Direcção da CCP reuniu hoje tendo concluído que, quase dois meses decorridos desde que foi decretado o primeiro Estado de Emergência, é evidente que a situação económica das empresas é muito débil, e que as medidas lançadas, numa primeira fase pelo Governo, não serão suficientes.
Com efeito, sabe-se já que a situação de surto não vai desaparecer tão cedo, e que a retoma da economia demorará.
Neste contexto, é imperioso:
- Reforçar as linhas de financiamento, quer a Linhas de Crédito Capitalizar 2018 – COVID-19 quer a Linha específica COVID 19 – Apoio à atividade económica , uma vez que o próprio Governo reconheceu já que foram solicitados mais de 9 mil milhões de euros para uma dotação inicial de 6 200 milhões. O reforço destas linhas não deve inviabilizar, no entanto, a rápida operacionalização dos apoios a fundo perdido para as pequenas e microempresas, anunciados, recentemente, pelo Governo.
- É urgente resolver o problema dos seguros de crédito, uma vez que as empresas continuam a ver os seus créditos reduzidos, o que retira qualquer margem às empresas para desenvolver negócios dentro e fora da União Europeia, e mesmo no mercado nacional.
- Precisamos de prorrogar o actual regime de Lay-Off simplificado, uma vez que muitas actividades ainda não retomaram e as que retomaram dificilmente conseguirão, numa primeira fase, manter a totalidade dos postos de trabalho.
- O regime previsto na Lei no4-C/2020 em matéria de diferimento do pagamento de rendas dos contratos de arrendamento não habitacionais, não teve em conta a dimensão da paragem económica. A esmagadora maioria das empresas, em especial as de menor dimensão, não terão qualquer capacidade de começar a pagar renda mais duodécimo de rendas em atraso já em Julho. É, neste contexto, necessário abordar esta problemática de forma realista, quer quanto a prazos para o diferimento, quer mesmo equacionando reduções de rendas.
- Também os lojistas inseridos em centros comerciais deverão ser objecto de uma especial atenção, tendo em conta que continuam obrigados a uma paragem forçada. Para estes lojistas é necessário garantir não só a impossibilidade de despejo com fundamento no não pagamento de rendas nos meses em que foram forçados a encerrar, mas também impedir que lhes seja exigida alguma indemnização ou penalidade caso tenham que encerrar as suas lojas, até ao final do ano.
- A CCP congratula-se com o anúncio feito ontem pelo Primeiro-ministro da criação de um apoio aos sócios gerentes da totalidade das microempresas, nos termos em que vinha a solicitar há várias semanas. Em paralelo com estas medidas de curto prazo é forçoso, no entender da direcção da CCP, que:
- O País possa ter acesso a informação actualizada sobre o que foi efectivamente pago a empresas e cidadãos no contexto das medidas já adoptadas.
- Seja desenhado um programa de recuperação da economia nacional para, no mínimo, dois anos que inclua medidas estruturadas de apoio às empresas incluindo perdões fiscais e outras medidas de financiamento a fundo perdido ou amortizáveis a longo prazo.